O assédio é uma realidade
para 87% das mulheres brasileiras que vivem em áreas urbanas, 16% relataram ter
sido assediadas antes dos 10 anos e 55%, com 18 anos ou menos. As informações
estão em pesquisa divulgada hoje (25) e encomendada pela organização internacional
de combate à pobreza ActionAid no Dia Internacional pelo Fim da Violência
Contra as Mulheres.
Além das brasileiras, foram ouvidas tailandesas, indianas e britânicas. O Brasil é o que apresenta a maior incidência de assédio entre as mulheres e também entre aquelas que sofreram assédio antes dos 10 anos. Foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional.
Sexualização infantil
Para a assessora do Programa
de Direito das Mulheres da ActionAid no Brasil, Jéssica Barbosa, é preocupante
o alto índice de assédios a crianças no país, que revela uma propensão da
sociedade brasileira à sexualização infantil. “O patriarcado atua nesse
processo de naturalização da violência contra a mulher e aí não estamos falando
de homens loucos, de uma exceção, mas sim, do primo, do tio, do vizinho, de
homens que foram ensinados a sexualizar essas crianças desde muito cedo.
Inclusive os dados mostram que a maioria dos estupradores são conhecidos das
vítimas”.
A maioria (55%) das
entrevistas disse ter sido assediada nas ruas e 23%, no ambiente de trabalho.
Os assovios (65%) foram as principais formas de assédio relatadas pelas
entrevistadas, mas comentários de cunho sexual ocorreram com mais da metade das
mulheres (52%), seguidos de insultos (38%), perseguição na rua (29%), exibições
por parte de homens (29%) e ser tocada (20%).
Ainda segundo o estudo, 86%
das brasileiras entrevistadas afirmaram tomar alguma providência para se
proteger das abordagens indevidas. Dentre as medidas, estão: fazer um caminho
diferente do usual (55%), evitar parques ou áreas mal iluminadas (52%), ligar
ou enviar mensagem para alguém confirmando estar bem (48%), solicitar a
companhia de outra pessoa (44%), evitar transporte público (17%) e desistir de
ir a um evento social (18%).
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